quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Quanto menos temos, mais nos temos...

É difícil de acreditar em algo deste tipo, pode até parecer algum tipo de voto de pobreza ou alguma filosofia anti-consumista, mas no fundo é bem provável que isto seja bem verdadeiro. Vejamos o homem moderno, ele é cercado por emoções, pensamentos e vontades que muitas das vezes não são próprios dele e sim algo que a sociedade lhe condicionou a ter, esta sociedade que devora o homem e a natureza tornando um egoísta e outro escasso, é de se fazer pensar se esta é a melhor maneira de surgirem nossos sentimentos.

Os homens em sua maioria já não têm auto-conhecimento, muitos nunca pararam para pensar, simplesmente por ser incrível o fato de serem capazes de fazer isto, e até mesmo o amor próprio às vezes não é encontrado e colocam no lugar um misto de orgulhos dos mais falsos e fantásticos possíveis, o orgulho de torcer para aquele time, o orgulho de ser de tal religião, o orgulho de ser desta etnia ou de ter nascido naquele lugar, o orgulho de ter conseguido tais bens. Estes orgulhos funcionam como uma esponja dentro do ser, dando a impressão de que estão cheios e fortes, mas sem lhe dar a sustentabilidade e o equilíbrio, além disso, servem simplesmente para separar todos em diversos grupos cheios de repudio entre si, mas em nenhum desses grupos eles enxergam a verdadeira razão desse sentimento, que eles simplesmente aceitam e tomam como parte de sim, que é natural de seu ser e que sendo natural o outro ser não poderia ser diferente.

Ainda há nossas grandes influencias que sempre estarão lá, “nos formando e nos guiando”, algumas que chegam a ser tão agressivas que conseguem nos consumir, nos obrigando a consumir, mas este não é o ponto aqui, mas sim o fato de que isto misturado com este misto de orgulhos nos fazem não termos tempo senão para saciar nossos desejos de consumidores ou nosso ego com nossos orgulhos, nos tornando seres completamente egoístas, que não pensa em nada além do seu quinhão, e que mesmo quando pensa nos outros por trás há um sentimento que lhe diz que aquilo também será bom para ele próprio. Mas nisso tudo há uma grande incoerência, pois afinal como pode alguém ter um amor tão excessivo a si próprio sem ao menos se conhecer direito por não ter tempo para isto.

Por isso é tão fácil dizer que quanto menos temos, mais nos temos, pois se pudéssemos uma vez ficar longe disso tudo e tentar enxergar as coisas não apenas com os nossos olhos, mas sim numa visão mais global de um todo e ver que o outro também pode sentir exatamente o mesmo que você sente porém em relação a algo oposto, e ver que isto não significa devem se odiar, sem haver a necessidade de ter pavor as diferenças, pois são apenas superficiais. Com isto seria bem provável que nos encontremos nesse todo, ou até mesmo sejamos ele, conhecendo melhor a nós mesmos e com isso caindo em uma incoerência mais benéfica, pois estaríamos pensando mais em nós mas deixando de sermos egoístas, vendo que podemos usar todos estas coisas que nos tornam estranhos no espelho, para nosso bem sim mas sem a idéia ilusória de que algumas dessas sejam essenciais.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Mulheres

Dias acordam-te com um beijo,
café e pão de queijo.
Outros já com gritos,
socos e mais conflitos.

Bom Dia, dizem elas,
mas fecham suas janelas
Cuida-te rapaz, sugerem
mas fecham as portas também.

Não lhe deixam vista,
não deixam abrigo,
Só lhe apontam a pista
e que Deus vá contigo.

Tiram-lhe a paciência,
tiram-lhe a consciência,
e tudo mais que puderem tirar
e ainda põe-se a chorar.

Dizem te amar,
Sem você não conseguir viver.
Que és tudo que podem sonhar,
que não querem mais sofrer.

Ai fica atordoado,
e elas começam a sorrir.
Você se sente dominado,
e o ápice ainda está por vir.

Noite sim, noite não,
tiram-lhe o chão,
tiram-lhe o cobertor,
o seu afeto e o seu amor.

Diz para si não agüentar,
diz para ela não querer,
ela parece não se espantar,
você parece enlouquecer.

Ai acorda no meio da noite
desvestido, suado e sem sorte.
Põe se a fumar, põe-se a pensar,
mas nunca a outra procurar.

Ela já tem outros carinhos
Vocês já são estranhos
Ai começa tudo outra vez
Sempre com a mesma embriagues.

Acorda a verdade enfim
você gosta dessas incertezas
dessas mulheres e suas belezas
e que, afinal, foi sempre assim.

Elas sempre te humilham,
te enganam, te gozam.
Mas sempre te fazem quere-las,
reverencia-las, amá-las.

Mas afinal como maltratar
tal ser tão sublime
Sabendo que vai te cuidar
quando não há nada que te reanime.

Pois assim são elas,
essas criaturas tão belas
que se um nome requer,
só pode ser...mulher.

Daniel Bassani

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Peço-lhes... Vamos ser um pouco mais egocêntricos.

Egocêntrico sim, e no sentido mais puro da palavra, aquele que se refere tudo a si próprio, pois desta forma muitos poderiam entender a si próprios e parar de lamentar os falsos obstáculos que a dura vida os impõe. Pois a maioria não vê que certos problemas que lhes afligem a mente e até mesmo a alma ou o coração para os mais espirituais e sentimentais pode não ser fruto de atos externos, sejam estes de pessoas ou de qualquer outra natureza, e ao invés disso ser de sua própria consciência.

Muitas vezes na vida as pessoas sofrem, sofrem por não ter melhores condições de vida, sofrem por não serem correspondidas em seus relacionamentos, sofrem por serem pressionadas no seu trabalho e na sua casa, e como sofrem, dia após dia lamentando, e às vezes tão fervorosamente quase como se cantasse um hino, e alguns chegam a ponto de lamentarem ser o que são e com isso invejam as vidas dos demais.

E todo este sofrimento poderia ser evitado muitas das vezes se as pessoas se libertassem dos próprios pensamentos, de si próprio, enxergando além do que a situação lhes mostra.
Um bom exemplo é quando nos apaixonamos e ficamos ligeiramente cegos e nos entregamos de braços e peito abertos, e com o tempo tudo o que parecia simplesmente maravilhoso em um determinado ponto, por algum joguete de situações, se torna algo terrível, e a pessoa que antes lhe juraria a vida começa a lhe tratar mal, e “naturalmente” você sofre, e culpa a pessoa por tal sofrimento, afinal foi ela que lhe tratou mal, mas em grande parte das vezes não conseguimos ver além disso, pois afinal se você não tivesse se apaixonado por esta pessoa nada disto teria acontecido, ninguém consegue obrigar a alguém a se apaixonar por outro alguém, e mesmo que consiga lhe persuadir a isso, a culpa não é desta pessoa e sim de si próprio que se deixou ser persuadido, que não teve uma mente razoavelmente forte para resistir a isso.

Outro exemplo é quando se fala referente a estilos de vida, a pessoa tem um estilo de vida simples, modesto, sem luxo algum inveja as pessoas que tem o estilo oposto ao dela, que possui grandes montantes de dinheiro, mas a pessoa não vê que apesar de todas as desigualdades existentes nesta sociedade não se pode culpa-lá pelo seu sofrimento, cabe a ela apenas o encargo de tentar persuadir as pessoas que aquela forma de vida é a melhor que há e por isso todos a cobiçam, e nós vemos exemplos destas tentativas a todo instante, mas não podemos culpar a sociedade se nos deixamos outra vez sermos persuadidos por estas.

No fundo fomos nós que nos auto-adestramos para culpar o outro, pois é bem mais fácil culpar o outro do que culpar a si próprio, é muito mais fácil se reconciliar com alguém que lhe feriu quando este alguém não é você. E se pudéssemos quebrar esse vicio existiria um novo conceito para esta palavra tão mal-vista pela sociedade, que esconde o seu egoísmo, e veríamos que o amor próprio talvez deva existir com um pouco de rancor próprio para nos entendermos melhor e nos mantermos em equilíbrio, por pior que isso possa soar.

Daniel Bassani