domingo, 18 de setembro de 2011

Domingo

Hoje acordei sozinho, mas tão sozinho que nem o sol ainda tinha aparecido para dar o ar da graça por aqui. Ri dessa situação e comecei a reparar no dia que vinha surgindo, que alguns apelidam de domingo, e vi que não tinha dia melhor para estar sozinho.

Sentei na cama e vi pela janela como o sol vinha surgindo por de trás do horizonte, meio tímido, talvez até inseguro de não ser a hora certa de ele aparecer ou até sem graça por talvez acordar alguém antes da hora.

Vi os tristes e secos prédios dessa cidade completamente perdidos ao receber aquelas primeiras luzes da manhã, suas janelas refletiam feixes de cores preguiçosas e debochadas em todas as direções como se estivessem se esticando, se espreguiçando. Notei como esses prédios acordaram sem saber ao certo porque ali estavam, ai se recordaram e ali mesmo ficaram, cinzas, melancólicos e imóveis.

Vendo a manhã nascer assim preguiçosa sem muita luz e sem muito calor, tento me lembrar porque acordei tão cedo, não consigo pensar em um bom motivo e então volto a dormir.

Sonho que estou num campo aberto, com grama fresca sob meus pés descalços. Completamente sozinho.

Acordo e volto a reparar nesse dia engraçado, o sol já tem certeza do que está fazendo e brilha forte tentando acordar a todos. Para os que já acordaram ele parece brincalhão e convidativo, já para os que insistem em continuar descansando ele parece inconveniente e repulsivo.

Dou risada ao perceber que mesmo o sol se esforçando tanto, o dia aqui embaixo continua frio e o meu café insiste em esfriar antes que eu acabe de bebê-lo. Até parece que o sol soube que estava rindo dele, que ao chegar o meio-dia se esforçou ao máximo para aquecer a vida aqui embaixo.

Depois do almoço, percebo como as horas se arrastam para passar, como se o tempo já estivesse cansado de passar por ali por tanto tempo. Sinto como o vento parece brincar como um cachorro de rua: corre para um lado o mais rápido que pode, ai se cansa e vai mais devagar, depois começa a correr de novo, para, tenta se lembrar pra onde estava indo e começa a correr na direção contrária.

A tarde passa despretensiosa, nuvens aparecem para brincar com o sol que cansado vai se deitando no horizonte, e ao chegar, parece olhar por cima dele, e lançar aos céus as mais variadas cores, pensando que assim alguém vai sentir falta dele depois que ele se deitar completamente. Lançando seu último suspiro de luz em tons maravilhosos, fazendo suspirar casais em mirantes maravilhados com o desespero do sol ao se por.

Mas parece até pirraça, mal o sol se põe e já me aparece uma lua risonha no céu, trazendo com ela o mesmo vento brincando, só que dessa vez mais frio e tenro, fazendo casais se abraçarem, e os solitários se encolherem. Me encosto e vejo o céu com suas estrelas pálidas e sem jeito, brilhando enquanto são encobertas por nuvens que parecem surgir da própria escuridão do céu.

A noite passa como se estivesse fazendo carinho e te acalmando para você ir se deitar... e assim o faço.

Deitado, noto que esse dia tão estranho já se foi, e assim começa uma garoa, são as primeiras horas de segunda-feira chorando por serem as mais esquecidas da semana. Sinto essa garoa lavando as lembranças e sentimentos esquecidos nas esquinas desse domingo, me deixo perder nos sons vagos e perdidos.

E assim durmo, sozinho...

terça-feira, 19 de abril de 2011

Perda de tempo

Como posso perder tempo se nele me perco e dele me perco nos meus sonhos e nas minhas angústias.
Quem tem tempo que o tempo o tenha
E que essas mágoas só perdurem nos vãos das conquistas
Que o perdão chegue antes do rancor
E se puder que haja amor
Enquanto sou
Enquanto estou
E se duvidas olhe para os céus e me diga quão grande és...
O tempo dirá.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Vida Vã

Aqui estou nessa grande cidade
De pessoas de mentes pequenas
Com suas vidas e sonhos vazios
E seus corações cheios de si

Enquanto guardo na minha mente
Um Sonho de uma cidade pequena
De pessoas sem nada de grande
Mas com corações cheios de vida

Meu corpo adoece para manter minha mente sã
Para aguentar, e seguir nesta luta vã
Contra o tempo
Contra todos
Contra si

Nessa vastidão de pouco espaço
Nessa eternidade de pouco tempo
Para cada um
Unidos pelos ciclos que criaram
E que deles não saem...
Continuam
Morrem
Renascem
Mas não mudam

sábado, 19 de junho de 2010

Breve Surto

Meu tempo é curto,
Meu café não pode ser.
Eu juro que surto,
Se não o puder ter.

O caminho era torto,
Não meu jeito de viver.
Se eu sentia desconforto,
Tentava não me render.

Finjo e me importo,
Não tenho o que perder.
Se eu caio e me corto
Sei onde vai arder.

Hoje tu és meu porto,
A razão para escrever.
Mas estarei morto,
Se me esquecer.

Meu dia é curto,
Como se deve ser.
Mas juro que surto,
Se hoje não a ter.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Terceira Pessoa

Lá está ele de ponta cabeça no quarto, e não, ele não está se exercitando, muito menos tentando fazer mais sangue correr pelo seu cérebro, também não perdeu nada debaixo da cama... Bem, talvez tenha perdido, mas com certeza não está procurando agora. Está ali procurando encarar sua vida da maneira como ela está no momento, de pernas para o ar.

Lá está ele pensando em terceira pessoa novamente, ora procurando encher o vazio, a solidão da cidade, ora só para exagerar seu ego, mas seu quarto é muito pequeno para isso e sempre acabam em conflito. Talvez pense assim porque tenha vergonha de ver os problemas como seus ou por ser mais fácil resolver os problemas de outra pessoa. Afinal quem nunca achou que os problemas de outrem não eram tão graves quanto os seus?

Ele se deixa levar em seus devaneios ao som da música e no que restou do gosto do café. Fica brincando com seus desejos, cria expectativas para depois destruí-las, tenta forçar seus sentimentos por alguém que não seja ele mesmo, pois seu coração é meu frio, só não tão frio quanto os seus pés pela falta de circulação.

Ele acaba de descobrir que a dor em suas costas causadas pela posição adotada para a breve meditação está incomodando mais que os problemas que o levaram a ficar daquele jeito. Ele já julgou ser hora de dormir, seu dia começará às 5h e terminará as 23h30 como todos os outros. Deita agora sem saber ao certo se os preciosos minutos perdidos para tentar fazer o que ele pensa e o que ele não sente mais interessantes valeram à pena, mas isso só poderá pensar amanha na sua divagação matinal sob a água fria do chuveiro.

Dormirá em paz. Desistiu de colocar tanto sentido nas coisas.

Ainda bem que ele não bebeu tanto café.

Ele, não eu.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

?

Se tiver medo de saber, não questione.
Se tiver medo da resposta, não pergunte.
Quem questiona pode sofrer, mas evolui, supera e segue em frente.
Quem duvida não tem paz, fica na incerteza, na expectativa.
Mas a ignorância de certas coisas pode trazer mais sossego, assim como a certeza de outras pode trazer apenas espanto e decepção.
A escolha é de cada um, viver uma ilusão harmoniosa ou uma realidade penosa.
Só se lembre que dificilmente se acha uma verdade irrefutável, que uma convicção hoje pode ser motivo de piada amanhã e o que é verdade para alguém pode não ser para você e vice-versa.
Só fica registrado aqui o que todo mundo já sabe, que não se questiona e ninguém pergunta por quê.
Agora vá se conhecer e assim conhecer o mundo.
Fica minha deixa com uma interrogação inacabada e insaciável: Você?
PS.: Sempre há expectativa antes da conclusão, e às vezes a expectativa é melhor que a própria conclusão.




Espero que sim...
E espero...

domingo, 16 de maio de 2010

Releitura de um Dia

Vou começar pelo meio, não me importa se vou queimar a boca, mas bem que poderia ser na sua boca e não nas minhas palavras.

Sete horas de folia, sete horas de pressão e sete horas de solidão.

Estão faltando ou sobrando horas no meu dia?

Uma pausa, três gatos pretos, uma Ave Maria e boa sorte.

Agora sim estou satisfeito, mas pode me trazer a sobremesa... Nunca tem.

O desenho na parede, uma caveira, um lembrete ou um desaforo.

No vidro sujo vejo meu reflexo já desgastado por esses agouros.

Um xeque nos meus sentimentos, sou só expectativas, ela não entende nada, já temos nossas experiências.

Mas mesmo assim a menina se perde, e eu me perco na menina.

Ainda perdido chego em casa e atiro a mesma moeda para o alto...

Cara! Hoje não estragarei a vida de ninguém... Somente a minha.

Me tranco no banheiro, ligo o chuveiro, deixo a água me dissolver junto com as lagrimas, e me levar pelo ralo abaixo, estou indo atrás das esperanças...

Mas volto antes do Natal.

Queria poder lhe oferecer o mundo, mas já que não posso,

Guarde um beijo meu, pois os seus já tem dono.